As barricas de carvalho são muito mais do que meros recipientes para amadurecer o vinho. Usadas tradicionalmente para a maturação, que pode demorar meses ou anos, as barricas têm o papel de enriquecer o vinho. É no descanso nos barris de carvalho que o vinho vai mudar algumas de suas características sensoriais. A barrica trará novos aromas, refinará os taninos e ajudará na micro oxigenação do vinho. O tempo de vida do vinho também costuma ser maior em vinhos que passam por barricas.

Novos aromas para o vinho

Uma das influências dos barris de carvalho no vinho é a adição de novos aromas e sabores a ele, tornando-o mais complexo e saboroso. A forma como esses aromas e sabores serão transmitidos ao vinho vai depender de alguns fatores. Nem todos os barris são iguais.

Uma barrica pode ter a tosta leve, média ou forte. Quanto mais forte a tosta mais aromas passará para o vinho.

Os principais barris de carvalho são os franceses e os americanos. O carvalho americano é mais compacto e menos poroso que o carvalho francês, então passa aromas mais marcados para o vinho e mais rapidamente. O francês é mais caro e o carvalho é mais macio. É mais poroso e transfere as qualidades da madeira de forma mais lenta e equilibrada.

– As barricas usadas para estagiar os vinhos normalmente são de primeiro uso (nunca usadas antes), segundo ou terceiro uso. Barricas de primeiro uso passam mais aromas que barricas de segundo uso e assim por diante. A partir do terceiro uso esses aromas já são bem menos perceptíveis. Algumas barricas com mais de 3 usos são usadas não para passar aromas, mas para beneficiar os vinhos com a exposição lenta ao ar (como veremos adiante). 

O tamanho da barrica também faz diferença. Quanto menor a barrica maior será a influência no vinho, pois haverá mais contato do líquido com a madeira. Quanto menor o barril mais aromas passará para o vinho, já que grande parte do líquido estará em contato com a madeira. O barril, o mais conhecido e amplamente utilizado em todo o mundo, tem uma capacidade de 225 litros, é o padrão Bordeaux.  A pipa, usada no Douro tem capacidade para 550 litros, o Botte, muito usado na Itália, pode ter capacidade de mil a 10 mil litros. O foudre, muito comum no Rhône, pode ter capacidade de 2 mil a 12 mil litros.

E quais são esses aromas?

Os aromas que as barricas podem passar para os vinhos são muitos: baunilha, coco, especiarias doces (cravo, noz-moscada e canela), chocolate, café, cedro, defumado, madeira, caramelo, entre outros. 

A madeira refina os taninos

É muito comum ouvir que a madeira potencializa os taninos do vinho, mas não é isso que realmente acontece. A madeira, assim como o vinho, também possui taninos, mas durante o estágio, os taninos se combinam, diminuindo os níveis de adstringência e ficando mais equilibrados. A madeira refina os taninos do vinho, melhora seu envelhecimento, textura e estabiliza a cor dos vinhos tintos.

A madeira traz oxigênio para o vinho

Como Pasteur disse: “é através da influência do oxigênio que o vinho envelhece”. E é exatamente isso, o oxigênio é o principal fator na evolução do vinho. A oxidação (lenta) do vinho ocorre graças às trocas com o ar ambiente. Isso ajuda no desenvolvimento de aromas, na cor do vinho e na sua estrutura, além de melhorar a qualidade dos taninos.

Dessa forma, percebemos que a influência do carvalho é excelente para o vinho! Claro, quando bem-feita e com moderação. A madeira no vinho é como o sal na comida, em excesso, estraga.  Isso não quer dizer que necessariamente o vinho que passa por barris será melhor, ele apenas será diferente.  E não há receita mágica, o enólogo é quem vai decidir se um vinho vai ou não passar por madeira e o tempo dessa passagem vai depender do seu objetivo final. Ele vai fazer combinações de idades, tamanhos e origens para chegar ao vinho que idealizou em sua mente.

Incrível, né?

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