Novo Mundo, Velho Mundo. Parece que a globalização chegou também aos vinhos. Cada um dos mundos rendeu-se ao melhor do outro. E ganhamos nós, enófilos, estamos no melhor dos Mundos…

Afinal, um pouco mais de frescor nos vinhos por um lado, e um pouco mais de complexidade e naturalidade de outro, só nos brindaram com mais prazer!

Para comprovar, oferecemos uma proposta de degustação com alguns dos melhores vinhos de 3  países da América do Sul que já podem ser considerados tradicionais produtores, com algumas famílias produtoras imigrantes da Espanha e Itália no início do século passado.

Serão rótulos provenientes de 7 regiões do Chile, Argentina e Uruguai, produzidos a partir das 7 de suas castas mais famosas.

CHILE

Com mais de 4.500 Km de comprimento e apenas 180 Km de largura, apresenta uma diversidade de climas, de alguns dos desertos mais secos do mundo no norte, a florestas frias ao sul. No meio do país, encontra-se uma zona temperada com clima mediterrâneo, ideal para a produção de uvas viníferas. A diversidade de solos e microclimas na zona vitícola do Chile fornece terroirs adequados para muitas variedades de uvas. Uma  zona entre a “pré” Cordilheira dos Andes (mais baixa que a Cordilheira e mais próxima do Oceano Pacífico) e a Cordilheira formam  a principal região área de plantação de videiras.

O sistema  utilizado para organizar as denominações de Origem, divide o país em cinco grandes regiões produtoras: Atacama, Coquimbo, Aconcágua, Vale Central e Austral.

A sub região do Maipo, no Vale Central, foi a primeira a produzir vinhos que foram reconhecidos mundialmente. Seu terroir foi considerado ideal para a plantação de castas francesas como Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet  Franc. Vinhos como  Alma Viva, Sena, entre outros fizeram bonito em vários concursos mundiais passaram a figurar entre rótulos das cartas preparadas por sommeliers das grandes casas.

Grandes vinhos precisam de  grandes investimentos e grande experiência.  E a solução veio das associações entre o capital chileno e nomes tradicionais da vitivinicultura europeia e americana.

O Vale de Casablanca, situado próximo do oceano Pacífico, é influenciado pelas correntes e ventos marinhos e também pelos ventos que provém dos Andes. Tornou-se assim um terroir ideal para a produção de vinhos brancos mas seu Pinot Noir tornou-se também bastante conhecido e apreciado, por seu frescor e paladar elegante.

O Vale de Leyda, também na região do Vale Central, se destaca por uma ideal variaçãoo térmica entre dias e noites, o que leva a um amadurecimento lento das uvas das quais se pode extrair aromas frutados e um perfeito equilíbrio e elegância no paladar.

ARGENTINA

Com videiras trazidas pelos imigrantes espanhóis e italianos, a Argentina vem se destacando no cenário mundial, tendo seu potencial vitivinícola atraído nomes como Michel Rolland entre outros.

Algumas regiões se destacam como Lujan de Cuyo, Uco e Salta.  

Luján de Cuyo

Conhecida historicamente como a primeira zona para o cultivo de videiras em Mendoza. Sua altitude elevada em combinação com um clima semi-desértico e solos pedregosos são condições ideais para o cultivo de uvas de alta qualidade. O percurso do rio Mendoza confere identidade à região, determinando a formação dos solos e das áreas produtivas.

Aqui se encontram alguns nomes de distritos destacados na atividade vitivinícola, como Agrelo, Cruz de Piedra, Las Compuertas, Lunlunta, Perdriel e Vistalba. A altitude varia entre 800 e 1.100 m, com um clima de temperado a frio, que permite um ótimo amadurecimento das uvas.

Valle de Uco

Este vale surpreende por sua magnífica paisagem e pela localização privilegiada, aos pés da Cordilheira dos Andes. É irrigado pelas águas do rio Tunuyán, sendo um verdadeiro oásis produtivo.

Destacam-se os distritos de Los Chacayes, Altamira, El Peral, Gualtallary, La Consulta. A altitude varia entre 900 e 1.400 m. e conta com uma grande amplitude térmica. Os invernos são rigorosos e a temperatura média é geralmente mais baixa que no centro da província. Os solos são de origem aluvial, com grande presença de pedras, tipo seixo rolado, de vários tamanhos.

Salta

Quarta maior região produtora, Salta se diferencia por ser a mais alta região produtora do mundo, com videiras plantadas entre 1.400 e 3100 metros. Com solos escarpados e pedregosos, é de difícil produção, porém isso é só um desafio a mais para aqueles produtores que se arriscaram. A contrapartida destes produtores é que nesta altitude produz-se uvas de casca mais grossa, e a enorme variação térmica faz com que  Salta produza o melhor e mais aromático Torrontés da Argentina, e Malbecs com grande expressão aromática. Outras castas começam a ser produzidas lá, também com boa perspectiva e diferenciação.

URUGUAI

A situação geográfica do Uruguai, na mesma latitude que a Argentina, o Chile, a África do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia- e seu clima temperado favorecem o cultivo da videira em todo seu território.

Bem perto da costa atlântica uruguaia e a 160 metros de altura sobre o nível do mar, Maldonado teve seus vinhedos plantados num terroir privilegiado.

A geologia da região pertence ao que se conhece como Embasamento Cristalino que deu origem aos solos mais antigos do planeta há mais de 2500 milhões de anos. Quando essas rochas são alteradas e moídas com os milhões de anos de geologia formam um fantástico solo de rocha meteorizada, chamada: Balastro.

E as 7 uvas clássicas da América do Sul

1.Sauvignon Blanc (Chile) 

Uma variedade nítida e refrescante que reflete igualmente o “terroir” e o caráter varietal, o Sauvignon Blanc é responsável por uma vasta gama de estilos de vinho. Um certo número de pontos comuns sempre existem: Alta acidez e intensa presença aromática. O frescor dos aromas da Sauvignon Blanc combinam muito bem com os pratos de verão, incluindo salada, peixe e frutos do mar.

2.Cabernet Sauvignon (Chile)

É a uva mais plantada no Chile, e produz vinhos com características de elegância e complexidade. O estilo do Cabernet chileno, com taninos consistentes mas aveludados, fazem a festa dos amantes desta uva.

3. Carmenère A Joia do Chile

Carmenère é também uma uva que provém de Bordeaux, mas que após a filoxera deixou de ser replantada na frança. Ao final do século 19, a Carmenère foi trazida da França para o Chile onde encontrou seu terroir ideal. Durante um período, tempo, os produtores chilenos confundiram esta casta com a Merlot e assim rotularam os seus vinhos. Entretanto, no início dos anos 90, graças aos testes de DNA, as uvas corretamente classificadas , o que permitiu que a colheita e os cuidados de vinificação fossem as ideais. E a Carmenère tornou-se uma uva ícone do Chile, e fator importante para seu reconhecimento.

4.Malbec (Argentina)

Também com origem em Bordeaux, a Malbec tornou-se mais famosa mundialmente na sua versão argentina. Seu estilo com médio corpo, taninos finos e boa acidez faz dela um belo par para a gastronomia argentina e de diversos países., inclusive para aqueles que gostam de comida um pouco mais condimentada.

5.Torrontés (Argentina)

A Torrontés é uma variedade de uva branca  muito semelhante à Moscatel, com a qual possui parentesco; trata-se do cruzamento natural da Moscatel de Alexandria e Criolla Chica. A Uva Torrontés é considerada a uva branca mais simbólica da Argentina, com seus aromas e paladar frutados, aromáticos intensos. É em Salta, onde é produzida  em alta altitude, que a Torrontés proporciona seus mais belos rótulos.

6.Tannat  (Uruguai)

 Originária de Madiran, sudoeste da França, a Tannat é uma das castas de maior carga tânica de todo o mundo, ganhando o coração daqueles que adoram vinhos de personalidade forte.

Ao ser levada por colonizadores bascos para a região do Uruguai, em 1870, a uva tannat adaptou-se incrivelmente bem ao clima mais quente, tornando-se a uva mais emblemática do país. Hoje a uva tannat ocupa cerca de 1/3 dos vinhedos do Uruguai, com um volume de vinhos duas vezes maior que o de sua terra natal, na França.

Devido sua alta concentração de taninos, a uva tannat passou a ser amplamente utilizada em blends, geralmente com a Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot. Deste casamento resultam vinhos ricos em aromas e sabores, deixando-a mais delicada. Os vinhos tintos elaborados a partir da casta tannat são excelentes opções para serem degustados e apreciados em momentos gastronômicos, sendo uma ótima alternativa para harmonizar com cortes de carne.

7. Albariño

Uva tradicional na região Galícia na Espanha, seus vinhos tornarem-se uma alternativa de qualidade as tradicionais Sauvignon Blanc e Chardonnay. Muito frutados, pode alcançar uma complexidade aromática e gustativa que o tornaram reconhecidos mundialmente.

Harmonizam-se perfeitamente com pratos leves e frutos de mar.

Plantada em Maldonado, no Uruguai, logo demostrou sua propriedade de adaptação ao novo terroir, mantendo suas melhores propriedades de frescor e elegância.

Por:Mauricio Szapiro

Engenheiro e amante de vinhos. Mantém um grupo no Vivino, onde posta suas avaliações desde a fundação. 

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