Você sabe o que é Corte, Blend ou Assemblage?  Esses são os termos que você pode encontrar quando falamos de vinhos com misturas de uvas…

‘Corte’ é a palavra usada em português para indicar os vinhos que são feitos a partir de duas ou mais uvas, esse termo em inglês é ‘Blend’ e em francês é ‘Assemblage’.

Agora pense que o enólogo (o profissional que faz o vinho) é um grande chefe de cozinha e os ingredientes que ele tem são as uvas que estão a sua disposição no vinhedo. Umas mais picantes outras mais aromáticas, algumas mais concentradas e outras com mais acidez. E não para por aí, frutas mais cítricas em algumas uvas e frutas vermelha em outras. E então o chefe precisa de todos os “ingredientes” para equilibrar a receita e ele usa essas uvas, cada uma com suas características para fazer um vinho melhor.

De um ano para o outro essa receita pode mudar em porcentagem (e quase sempre muda) e o enólogo pode usar esse corte para fazer um vinho com uma identidade que ano após ano o vinho pareça o mesmo como é o caso do Champagne, ou explorando o melhor de cada uva para fazer um vinho melhor a cada ano.

Assemblage do Champagne

É curioso pensar que essa maravilhosa região ao norte da França procure fazer um vinho que seja sempre o mais parecido possível e esse corte é usado para ajustar ao paladar da casa produtora. Porém, muito diferente da maioria das regiões produtoras, Champagne usa vinhos antigos em seus cortes, de outras safras, para garantir que o espumante respeitará a característica do produtor. Em anos excepcionais, é feito o espumante safrado, ou seja, com todo o vinho do mesmo ano, mas também é um vinho feito com corte de uvas, porém com uvas do mesmo ano.

Quase todo Champagne é produto de corte, algumas vezes você pode encontrar um Blanc de Blancs, vinhos feitos apenas com Chardonnay, mas se não tiver a safra no rótulo quer dizer que o vinho em questão é uma assemblage de Chardonnay de anos diferentes.

Blend de altitudes

Na Argentina é muito comum ver cortes da mesma uva, como por exemplo, o Malbec que pode ter várias altitudes e ser misturado pelo enólogo a fim de extrair mais aromas ou acidez dependendo da parcela que ele use. Vinhos de vinhedos com maior altitude tem mais acidez e fazem vinhos mais frescos, o de regiões mais quentes tem vinhos com mais álcool e frutas mais “cozidas” e um é usado com o outro para dá equilíbrio a mistura, mesmo sendo da mesma uva.

Corte com seleção natural

Mais comum em Portugal, mas caindo em desuso ao longo dos anos, é o corte com seleção natural no vinhedo. Uma prática muito usada há alguns anos atrás e que tem sido abandonada pela dificuldade de harmonizar o vinho de forma mais profissional. Funciona assim, em um mesmo vinhedo as uvas estão plantadas juntas, várias variedades uma ao lado da outra. Colhem-se as uvas juntas e se fermenta tudo junto de uma só vez. Alguns desses vinhedos são vinhas velhas e a qualidade é bem grande.

A dificuldade dessa seleção natural é que as uvas têm maturações diferentes e colhendo-as juntas em algumas vezes o resultado não é o esperado.

O famoso corte Bordalês

Em Bordeaux, na França, se usa esse corte que ficou muito famoso porque uma uva completa a outra e faz vinhos perfeitos. São algumas uvas permitidas, mas as principais são a Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc. Esse corte é replicado em muitas regiões vinícolas pelo mundo todo.

Uva branca com uva tinta

 Algumas vezes são usadas uvas brancas em vinhos tintos para lhe conferir uma acidez que pode faltar. É assim na belíssima região de Côte Rotie na Côte du Rhône onde a Viognier, uma uva branca é misturada com a Syrah para lhe emprestar um pouco de acidez e aromas. Em Champagne e na maioria dos espumantes do mundo são colocadas uvas tintas para dá corpo ao espumante, mesmo ele sendo branco. Retiram-se as cascas e vinifica-se o vinho sem lhe dá cor, aproveitando somente o corpo da uva.

O grande chefe

Como deu para perceber o enólogo é o alquimista, o cara responsável pela mistura e de saber realçar o melhor de cada uva no corte.

Essa mistura é muito importante em safras ruins, onde o “chefe” usa os melhores “ingredientes” e consegue mesmo em uma safra ruim compensar e fazer um belo vinho. Em safras excelentes o problema é muito bom de resolver e o que muda é que se pode fazer mais vinho e com isso mais garrafas.

Quando beber um vinho de corte, imagine o enólogo como o chefe que mistura o sal e a pimenta na medida certa.

Alguns blends que você pode gostar:

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